Quando o Bruce Lee era o único herói... (até 1995)
Fase do Wop Hop Kune DoEstas fotos são do tempo em o meu herói era apenas o Bruce Lee e o Kung Fu representava apenas uma arte marcial de defesa e crescimento pessoal. Não conhecia o nome de Jet Li nem as acrobacias do Wushu moderno. Treinei Kajubenko Wop Hop Kune Do na AEIST (Associação Estudantes do Instituto Superior Técnico), numa altura em que as artes marciais ainda eram os únicos desportos radicais.
Tive a oportunidade de treinar com pessoas muito mais experientes e vindas de várias artes marciais com um espírito de troca de conhecimento e completa abertura, trabalhando o "sistema sem sistema". Lembro-me do Marco de Judo, de malta do Muay Thay, Aikido, Karaté, etc. Tudo servia de pretexto para treinar a eficácia das técnicas e por vezes simulávamos os combates MMA que começámos a ver nas revistas estrangeiras.
Eu pessoalmente estava num estado VERDINHO, a fase da radicalização, em que o Kung Fu era a melhor arte marcial, que apenas a eficácia marcial seria importante! Longe estava eu de saber realmente o que eram AMC ( Artes Marciais Chinesas).
Por motivos maiores tivemos de fechar a escola e felizmente, o nosso instrutor, Prof. Carlos Pardelinha esforçou-se por encontrar um professor para continuarmos os nossos estudos marciais. Por sorte milagrosa, encontrou um Sr. Chinês recém-chegado da China, o Mestre Shen Tong, que tinha acabado de chegar a Lisboa e pertencia a uma linhagem muito famosa de Mestres de Kung Fu, apesar de na altura não termos noção disso.
Fase do Shaolin Quan nos Jardins de Lisboa
Após negociações....aceitou treinar-nos, mas como tinhamos acabado de fechar a escola de Wop Hop Kune Do do IST, tivemos de treinar em vários jardins de Lisboa e principalmente na cidade Universitária. Inicialmente começámos no jardim constantino, às 7:30 da manhã, o que era duríssimo, até que convencemos os Mestre Shen Tong, de que a mentalidade Europeia dava-se melhor com os treinos à tarde. Enfim, fomos para a Cidade Universitária e treinávamso todos os dias depois das aulas na Universidade. Eu, era conhecido por andar sempre com duas mochilas, uma dos livros, outra do treino e das armas. Era incrível que com 18-19 anos, eu ia para as aulas do famoso Instituto Superior Técnico, com espadas, para poder sair das aulas e ir a correr treinar......
Infelizmente mesmo após muitas tentativas minhas para divulgar a nossa actividade, não obtive sucesso! Eramos apenas 4 praticantes! Andei a espalhar cartazes por Lisboa, panfeltos no Metro, mas não convencia ninguém a vir treinar debaixo de umas árvores, projectar-se na areia, bater com os braços nas árvores, ir para debaixo de um candeeiro público no Inverno para poder ver o chão, correr para debaixo de um telheiro quando chovia e ter de pagar um valor extra para tomar banho na C.Universitária.
Fase do Shaolin Quan na AEIST
Finalmente, passado algum tempo ( talvez um ano e meio) consegui negociar com a AEIST para abrir novamente a escola de Kung Fu do IST e fundámos a escola de Kung Fu tradicional da AEIST onde se criou uma semente, que viria a prosperar e crescer uma árvore com vários ramos que são hoje as nossas escolas de Kung Fu.
As fotos abaixo são as únicas que tenho desse tempo e foram tiradas com uma máquina fraquinha... digitalizadas num scanner!! A qualidade é horrível...e algumas técnicas...digamos que poderão estar menos correctas:)